No mesmo dia em que a cúpula do DEM jantou com o prefeito de São Paulo, João Doria, lideranças da sigla estiveram com o apresentador Luciano Huck para discutir uma filiação dele com vistas à eleição de 2018. O encontro aconteceu na quinta-feira passada no Rio de Janeiro e participaram dele o ministro da Educação, Mendonça Filho, o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o apresentador. Não foi a primeira vez que Huck se reuniu com o partido. Pelo menos outras duas reuniões já aconteceram nos últimos meses.
Integrantes do DEM que acompanham a negociação disseram ao GLOBO que têm sido discutidos nesses encontros os termos de uma filiação de Huck e a viabilidade de uma candidatura dele à Presidência em 2018. Até o momento, entretanto, não há nada fechado. O prazo de filiações para candidatos no próximo pleito termina em abril. O apresentador confirmou que participou da reunião, mas negou que tenha discutido sua entrada no partido.
O DEM deverá anunciar em meados do próximo mês a refundação da sigla, com a troca de nome (Mude, Centro ou Centro Democrático são as alternativas) e a apresentação de um novo manifesto. Nesse processo, o partido está em busca de um elenco novo de candidatos para 2018, entre eles, uma candidatura própria para a eleição presidencial. Para disputar uma vaga de deputado federal, um dos novos filiados será Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre (MBL).
Os dois nomes de que o DEM dispõe hoje para concorrer ao Planalto — o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ACM Neto — não demonstram interesse na empreitada. Maia tende a se candidatar à reeleição para a Câmara e o prefeito de Salvador prefere se lançar ao governo da Bahia.
Há quem avalie no DEM que Huck pode vir a ser um “excelente” candidato a vice, caso o partido não tenha candidato próprio.
Mas primeiro precisa convencer o Huck a ser vice — brincou um dirigente democrata.
A sigla não descarta uma filiação de Doria e uma candidatura dele pelo DEM à Presidência, caso o PSDB escolha como candidato o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Mas a única certeza que a cúpula do DEM tem sobre esse assunto no momento é que uma definição não virá antes de abril e, por isso, avaliam essas lideranças, é preciso trabalhar paralelamente em outras frentes.
Na quinta-feira passada, após o encontro com Huck, a direção do DEM esteve na casa do prefeito de São Paulo para um jantar a convite de Doria. Na ocasião, o prefeito deixou claro que quer ser candidato a presidente e que tentará viabilizar sua postulação pelo PSDB.
Se ele for preterido no PSDB e quiser entrar no DEM, não tem como recusar. Ele é o candidato que muitos partidos gostariam de ter — afirmou um dirigente do DEM.
Depois do jantar ficou claro que ele será candidato em 2018 mesmo dentro de uma Kombi — avaliou outro integrante da sigla.
▬ ‘OCUPAR ESPAÇOS DE PODER’
Huck confirmou ao GLOBO a reunião com o DEM na semana passada no Rio, mas negou que tenha tratado de filiação com a sigla. “O Luciano segue conversando com todos que queiram trocar ideias de como podem influenciar positivamente o debate eleitoral do ano que vem. Mas, não está filiado e nem discutiu o assunto com ninguém nas últimas semanas”, informou a assessoria de imprensa do apresentador.
Em março, numa entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, Huck disse que chegava a hora da sua geração “ocupar os espaços de poder”, quando perguntado se seria candidato a presidente:
Não dá para responder na atual conjuntura. Falando seriamente, nossa geração chegou a um momento em que tem capacidade, saúde, força de trabalho, relevância, influência. Quem entrou na faculdade em 1990 está chegando agora aos espaços de poder. Faço parte desta geração — disse o apresentador, na entrevista.
No mês seguinte, em artigo também publicado pela “Folha”, Huck escreveu que poderia contribuir para a política "de onde está":
Acredito que, de onde estou, posso fazer muito e contribuir muito mais. Por exemplo: mostrando o país de verdade, erguendo pontes entre os diversos mundos contidos nele, apontando caminhos, contribuindo com a construção de um olhar mais crítico, atuando via tecnologia”.

Agência O Globo