Depois de reaparecer após um misterioso sumiço de quatro meses, o estudante de psicologia Bruno Borges, de 25 anos, concedeu uma entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, veiculada neste domingo. Borges não informou onde esteve desde o dia 27 de março, quando saiu da casa dos pais, em Rio Branco (AC), sem dizer para onde ia, deixando para trás códigos escritos nas paredes de seu quarto e nas páginas de 14 livros. O “menino do Acre”, como ficou conhecido, disse apenas que tentou “estimular as pessoas a adquirirem conhecimento”.
“O que eu posso dizer é que estava isolado, não tive acesso a nada porque senão iria quebrar todo meu objetivo. Busquei o isolamento justamente para não ser atrapalhado pelo coletivo”, declarou o estudante, que revelou apenas ter ficado “em meio à natureza” e que estudou “sobre o local onde estava indo o que ia precisar para me manter lá dentro”.
Para Bruno Borges, a experiência “deu certo” porque despertou o interesse das pessoas e também serviu para que ele “renascesse”. “Tudo que eu fiz foi com objetivo principal de estimular as pessoas a adquirirem conhecimento. À medida que a gente vê que muitas pessoas buscaram conhecimento através disso, podemos perceber que deu certo. O fato de eu ter me isolado era para buscar uma verdade dentro de mim, que eu estava precisando encontrar. Eu estava precisando me reencontrar, renascer”.
Segundo Bruno Borges, o desaparecimento também pretendeu tornar “as pessoas mais ávidas pelo misterioso”. “Porque quem não gosta do misterioso meio que está morto, está inerte. O mundo é um mistério, nós não sabemos de nada ainda. Como podemos não gostar do mistério?”, disse ao Fantástico.
Questionado sobre arrependimentos, Borges respondeu que se lamenta apenas por não ter avisado seus pais e que imaginou que os familiares saberiam de sua busca “pela verdade da vida” ao se depararem com os códigos escritos nas paredes de seu quarto.
“De me isolar não me arrependi, mas de não ter avisado foi uma das coisas que eu mais me arrependi na minha vida. Foi um grande erro que eu cometi não ter avisado aquelas pessoas que têm um carinho especial por mim. Eu pensei que com tudo que eu tinha deixado, todo mundo ia saber que eu tinha me isolado pra buscar a verdade da vida, no momento em que olhassem meu quarto do jeito que eu deixei”.
Sobre o livro Teoria da Absorção de Conhecimento, escrito por Bruno Borges em códigos e lançado no dia 21 de julho, enquanto estava no “isolamento”, o jovem negou que seu desaparecimento fosse uma estratégia de marketing, como crê a polícia. Ele ainda afirmou que valor do contrato com uma editora para a publicação da obra, dividido com amigos e familiares, é um gesto de gratidão. “O fato de eu ter feito o contrato com eles é justamente o fato de que não me importo com dinheiro. Porque o trabalho deles nesse projeto foi muito importante para realizar meu sonho”.
O Fantástico também entrevistou o delegado Alcino Souza Júnior, responsável pela investigação do desaparecimento de Bruno Borges. Souza Júnior declarou que o estudante prestará depoimento, mas que descarta que Borges ou seus pais tenham cometido crimes em virtude do sumiço dele.
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