Em evidência desde a tragédia que matou 71 pessoas, em novembro do ano passado, a Chapecoense segue sendo homenageada. Na segunda-feira (7), por exemplo, a equipe catarinense, foi ao Camp Nou, na Espanha, para jogar um amistoso contra o Barcelona, uma das maiores equipes de futebol do mundo.
A homenagem teve uma marca especial: o retorno de Alan Ruschel, um dos únicos três atletas sobreviventes da queda do avião da LaMia. Ao todo, 19 jogadores morreram. Retorno triunfal, justo, merecido. Mas todas essas homenagens ainda mexem em uma ferida recente: a dor da perda.
Ao ler uma coluna do jornalista Juca Kfouri, o filho do técnico Caio Júnior, também morto no acidente aéreo, criticou a postura da atual diretoria da Chapecoense. Em um texto breve, Matheus Saroli, 25 anos, falou sobre o seu sentimento em relação a todo o marketing envolvendo a equipe catarinense.
"Meu nome é Matheus, sou filho do Caio Junior. Os integrantes da Chapecoense pós-desgraça estão vivendo momentos inesquecíveis, tendo oportunidades únicas em cima daqueles que se foram. Viagem para Europa, visita ao Papa, jogo contra o Barcelona. Sonhos do meu pai. Quem está vivendo isso, não merece (com exceções óbvias)", escreveu.
"Além disso, o clube, que agora é dirigido por pessoas completamente desligadas da tragédia, se beneficia diariamente da exposição de sua marca, gerando mais dinheiro do que poderia ser imaginado. Isso tudo sem nenhuma prestação de conta às famílias. Eles criaram uma camisa nova em homenagem ao CLUBE e não às vítimas — mesmo às vítimas já não seria algo nobre na minha opinião, visto que seria vendido e a renda seria destinada ao próprio clube. Enquanto a delegação aproveita pelo verão europeu, por aqui não conseguimos nem ligar a TV", completou ele.
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