O deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) tem o futuro de Michel Temer nas mãos, pelo menos por enquanto.
Ele foi escolhido como responsável pela elaboração de um relatório que vai recomendar que a Câmara dos Deputados aceite ou recuse a denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente.
O relatório da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara não tem valor final, mas já é uma sinalização sobre as chances de sobrevivência de Temer no cargo.
A escolha de Zveiter, para começo de conversa, foi uma surpresa. Parlamentares da base aliada esperavam a escolha de alguém mais alinhado ao governo atual.
Sergio Zveiter é do PMDB, sim, mas é considerado um parlamentar mais independente. O relatório é uma incógnita, mas ninguém descarta a possibilidade de que seja favorável à aceitação da denúncia.
▬ CARREIRA
Zveiter vem de uma família de desembargadores e atua até hoje como advogado. Ele representa a família Marinho, dona da rede Globo.
Sergio é filho do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, Waldemar Zveiter, e irmão de Luiz Zveiter, desembargador no TJ-RJ. Foi presidente da OAB do Rio duas vezes.
Ele obteve seu primeiro mandato como deputado federal do Rio na eleição de 2012, filiado ao PSD, de Gilberto Kassab.
Saiu do partido e mudou para o PMDB para apoiar a candidatura de Pedro Paulo, o candidato de Eduardo Paes, à prefeitura do Rio, no ano passado.
Durante a campanha de 2014, recebeu doações de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. Ele chegou a ser citado nas delações de executivos da Odebrecht, mas não é alvo formal de inquérito.
▬ PERFIL TÉCNICO
Pessoas próximas do deputado afirmaram ao jornal Folha de S.Paulo que esperam um parecer jurídico de Zveiter, e não político.
O voto do deputado na abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff ajuda a dar o tom da personalidade do deputado. Em meio a votos dedicados a Deus, à família e aos próprios estados, Zveiter informou ter estudado o processo.
“Pela responsabilidade que eu tenho de votar hoje aqui como advogado, duas vezes presidente da OAB e representando o estado do Rio de Janeiro. Eu estudei esse processo e posso afirmar, sem medo de errar, que o parecer do relator está de acordo com a Constituição, com as leis que regulam o impeachment e com o regimento interno desta Casa. Por isso, eu voto sim ao prosseguimento do processo”, afirmou, na ocasião.
Logo após o anúncio de sua escolha como relator do processo de Temer na CCJ, ele também se limitou a dizer que vai atuar de forma independente.
Zveiter prometeu o relatório para segunda, mas, segundo a coluna de Lauro Jardim, de O Globo, o relatório já ficou pronto. Ele o teria submetido ao pai, para as avaliações.
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