Desde o desafio da baleia azul, tem-se falado cada vez mais da depressão nos adolescentes. A depressão se caracteriza por uma constelação de sintomas e sinais incluindo:
► Grande diminuição da capacidade de sentir prazer ou do interesse em todas ou quase todas as atividades;
► Aumento ou diminuição de apetite;
► Insônia ou hipersônia;
► Agitação ou retardo psicomotor;
► Fadiga e perda de energia;
► Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada;
► Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou indecisão;
► Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida ou tentativa de suicídio ou plano específico de cometer suicídio.
Os sintomas apresentados pelos adolescentes são, basicamente, os mesmos dos adultos e a clareza da descrição que a pessoa consegue fazer do seu quadro, como nos adultos, vai depender da capacidade de auto-observação e da riqueza do vocabulário do paciente. Uma importante diferença, entretanto, em crianças e adolescentes é que, ao invés da tristeza, a manifestação principal pode ser de irritabilidade.
A prevalência observada de depressão em adolescentes vai de 3 a 8%, sendo que até o final da adolescência cerca de 20% terão tido algum episódio depressivo. É possível que, em países de baixa ou média renda, o quadro seja mais comum. Coerente com esta última observação, num estudo brasileiro conduzido entre 2005 e 2006, 20% dos adolescentes entre 14 e 15 apresentavam quadros de depressão leve a moderada e 8,9% depressão maior, assim como 13,5% daqueles entre 16 e 17 anos apresentavam quadros leves a moderados e 17,1% quadros de depressão maior.
Pessoas com depressão também podem apresentar com maior frequência outros quadros psiquiátricos, como as várias formas da ansiedade, abuso de drogas e transtorno de déficit de atenção-hiperatividade. Há evidências, também, de que o uso de drogas pode levar a quadros depressivos.
Além disto, a depressão pode ser consequente, algumas vezes, ao uso de alguns tipos de medicação como, por exemplo, os anti-inflamatórios do grupo dos corticoides. Quando se faz o diagnóstico da depressão, é muito importante investigar estes aspectos.
▬ COMO OS PAIS PODEM IDENTIFICAR A DEPRESSÃO DO ADOLESCENTE?
O comportamento irritável, a resistência em iniciar e realizar tarefas, o sono excessivo levando o jovem a permanecer muito na cama e a dificuldade de concentração podem levar os pais a pensarem que se trata de atitudes de rebeldia e contestação, comuns nesta faixa etária. É importante que a família procure uma orientação psiquiátrica para que seja feito o diagnóstico diferencial entre problemas comportamentais e um transtorno depressivo.
De modo geral, as boas práticas de parentagem recomendam que os pais fiquem sempre próximos aos filhos, tanto na abertura para conversas, quanto no acompanhamento dos estudos e no conhecimento de seu dia-a-dia. Quanto melhor conhecem sua filha ou filho, tanto menor a probabilidade de os pais serem pegos de surpresa por problemas graves.
Em caso de suspeita de depressão, deve-se sempre consultar um psiquiatra, que é o profissional que tem a formação mais completa e adequada para dar as devidas orientações nesses casos.
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