A médica Marques da Silva, 66 anos, que não prestou socorro ao pequeno Breno Rodrigues Duarte da Silva, 1 ano e meio, afirmou em entrevista ao Extra que não atende crianças e por isso se recusou a ajudar o garoto. O menino, que sofria de uma doença neurológica rara, morreu uma hora e meia depois, aguardando atendimento. O caso foi no Rio de Janeiro.
Haydee afirmou que deixou o condomínio onde o menino morava com a família depois de discutir com o motorista da ambulância. Na segunda-feira, ela vai ser ouvida pela polícia. Ao jornal, ela afirma que seguia na ambulância para outro atendimento de emergência quando a equipe foi solicitada a dar prioridade para outro local.
"Até então, eu não sabia qual era o caso. Quando me passaram o atendimento, na porta do condomínio, eu vi o nome, o plano, a idade e o que o paciente tinha. E eu disse que não ia atender por ser uma criança muito pequena e que já tinha um profissional de saúde (técnica de enfermagem do Home Care) em casa, sem falar que não era um caso grave. Não atendo criança", diz a médica.
Para Haydee, não houve omissão de socorro "já que não era um caso grave". "O menino não faleceu imediatamente, morreu só depois de uma hora e meia. Eu não sou pediatra e nem neurologista e se tratava de uma criança muito pequena com quadro neurológico. Sem falar que eu estava muito estressada e sem condições psicológicas para atender. Naquele dia, eu nem ia para o plantão", justifica.
A médica afirma que estava nervosa por trabalhar novamente com um motorista de ambulância com quem já havia se desentendido anteriormente. Segundo ela, nenhum dos dois desejava estar juntos novamente e a empresa teria opções para evitar que isso acontecesse. "Agora, por causa disso, a minha vida está destruída". Ela conta que ao ver que o atendimento era de uma criança, pediu que outra ambulância fosse enviada e pediu para ser deixada em casa, pois não tinha mais condição de seguir o plantão.
Haydee nega que tenha rasgado um pedido de atendimento a Breno - um vídeo da câmera do condomínio mostra ela rasgando um documento antes de deixar o prédio. Ela diz que se tratava de um papel de procedimento do outro paciente. "O que eu rasguei era o boletim de atendimento, no qual vem o nome da equipe, a data, o nome do paciente. É um documento de identificação, após o atendimento".
A médica questiona porque o menino não recebeu primeiros socorros da técnica de enfermagem que o acompanhava em casa. "Agora eu pergunto: como uma criança ou até um adulto que tem um home care e está com bronco aspiração, com um profissional do lado, não foi socorrido por essa pessoa, que poderia pegar a criança no colo, colocar ela de barriguinha para baixo, para que o bebê tirasse tudo o que prendia a respiração pela boca? Essa criança foi aspirada? O que a profissional de saúde que estava ao lado fez?".
Formada em 1978 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a médica fez residência em anestesia, mas não trabalha nessa área há mais de 20 anos.
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