Diferentemente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que interrompeu a Copa do Brasil, e de outros estaduais pelo país, que suspenderam o calendário imediatamente para evitar a disseminação do coronavírus Covid-19, o Campeonato Baiano vai continuar.

Em nota assinada pelo presidente Ricardo Lima, a Federação Bahiana de Futebol (FBF) afirmou que as duas rodadas restantes para o fim da fase classificatória serão realizadas com portões fechados. A justificativa é que "os números confirmados no Estado da Bahia até o presente momento não justificam a paralisação da competição".

A FBF informou também que a 9ª e última rodada, antes marcada para o dia 29 de março (domingo), foi antecipada para o dia 25, uma quarta-feira, com início às 20h30.

O Baianão será paralisado logo após o fim da fase classificatória. Restarão, para as semifinais, apenas quatro equipes na disputa. Na nota oficial, no entanto, a FBF não revelou o planejamento para as semifinais e final do estadual, agendadas para abril.

▬ PEDIDO DOS CLUBES

O pedido para que o Baianão fosse mantido até o final da fase classificatória partiu dos próprios clubes, sobretudo os do interior do estado.

O argumento é que a grande maioria dos clubes do interior não possuem calendário para 2020 após o término do estadual. Por isso, firmaram contratos de trabalho com os atletas apenas até o fim deste mês.

A paralisação do Baiano forçaria essas equipes a estenderem os contratos por mais alguns meses. Os clubes, no entanto, argumentam não possuir condições financeiras para isso.

"Falo com muita transparência. O presidente (Ricardo Lima) me ligou e me posicionei. O Fluminense de Feira só tem calendário até abril, eu não terei patrocínios a partir de abril. Então vai ficar inviável para mim bancar a folha depois disso", disse o presidente do Touro do Sertão, Pastor Tom.

A ideia é que, com a fase classificatória terminando dentro do previsto, os seis clubes que não avançarem às semifinais possam liberar seus atletas.

"Adiar o campeonato eu não ia concordar nunca, porque assim como o Fluminense está sem calendário, tem outros clubes na mesma dificuldade. Temos que pensar no bem coletivo. Os clubes do interior não são que nem Bahia e Vitória, que têm competições para o ano todo. Parabenizo o presidente Ricardo Lima pela decisão de acelerar a fase de classificação com portões fechados. Depois, o torneio pode parar por dois ou três meses", completou Pastor Tom.

▬ ALERTA LIGADO

Apesar do apoio à decisão da FBF, alguns clubes estão receosos com o avanço do Covid-19 nas cidades baianas. Assim como o Fluminense, o Bahia de Feira manda seus jogos em Feira de Santana, cidade com o maior número de casos na Bahia - são cinco até o momento.

"Daqui a 10 dias (quando está marcada a última partida, no dia 25 de março) como que vai estar o estado? Ninguém sabe. Aqui em Feira faculdades, colégios, tudo está fechado, ninguém faz nada", analisa Thiago Souza, presidente do Tremendão.

"Mesmo com os portões fechados teremos movimentação de pessoas no estádio. O pessoal que trabalha na manutenção e na segurança, a imprensa, o árbitro que vem de fora, os próprios atletas. Estamos de acordo com o que a FBF decidir, mas estamos preocupados e sem ter uma opinião formada", completou Thiago Souza.

Presidente do Vitória, Paulo Carneiro também declarou o apoio à decisão tomada pela FBF: "Se a federação determinou isso num momento tão grave que vivemos, só nos cabe cumprir. Sem discutir. Precisamos terminar o campeonato. A regra vale para todos, portanto não há privilégio para ninguém".

▬ A NOTA DA FBF NA ÍNTEGRA:

"A Federação Bahiana de Futebol (FBF) vem a público manifestar o posicionamento de manter as duas últimas rodadas da fase de classificação do Campeonato Baiano de Futebol da Série A 2020, inicialmente programadas para os próximos domingos, 22 e 29/03, porém determinando a realização das partidas em estádios com portões fechados e avaliando a possibilidade de antecipação dos jogos, posicionamento que conta com o apoio unânime dos Presidentes dos Clubes participantes. A FBF está atenta ao monitoramento dos casos suspeitos do COVID-19, mas entende que os números confirmados no Estado da Bahia até o presente momento não justificam a paralisação da competição, que trará um prejuízo enorme e sem precedentes no futebol baiano, inclusive com concreta possibilidade da mesma não poder ser concluída”.


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