O governo está dividido sobre uma eventual redução da carga tributária sobre combustíveis. Enquanto a ala política insiste que é preciso aliviar o bolso dos consumidores em ano eleitoral, a equipe econômica resiste alegando que não há espaço para esse tipo de medida num momento em que as contas públicas ainda patinam. O assunto foi discutido em reunião convocada de emergência no Palácio Planalto, nessa segunda-feira (21), em meio aos protestos dos caminhoneiros contra o custo elevado do diesel.
O entorno do presidente Michel Temer alega que há espaço para mexer em tributos porque apesar de a economia estar crescendo menos, a arrecadação manteve seu bom desempenho. Um dos motivos foi justamente a alta dos preços do petróleo, o que ajudou e reforçar a arrecadação de royalties. Somente entre janeiro e março, esse recolhimento ficou em R$ 10,6 bilhões, o que representa um crescimento de quase 32% sobre o ano passado.
Um dos motivos pelos quais o preço dos combustíveis tem variado muito é justamente a política de reajuste implementada pela Petrobras. Os valores acompanham a cotação do petróleo no mercado internacional diariamente. E como a Petrobras não aceita rever esse formato, uma redução nos preços dos combustíveis teria que vir da queda de impostos, como PIS/Cofins e Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). O presidente da Petrobras, Pedro Parente, não participará da reunião no Planalto.
A agenda do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, foi alterada de última hora para que ele participasse da reunião. O ministro estava em São Paulo. Integrantes da área econômica avaliam que o clima na reunião será "pesado". A equipe econômica promete resistir às investidas dos ministros políticos.

Agência O Globo