As dores de cabeça são algumas das principais queixas de saúde em nosso dia a dia, mas, apesar de parecerem banais, elas merecem atenção. Uma pesquisa da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), divulgada em maio deste ano, revelou que 81% das pessoas entrevistadas se automedicam para tratar dor de cabeça – quem nunca tirou um remedinho da bolsa para garantir o alívio nos piores dias? E apenas, 61% procuram auxílio médico para tratá-la.


É a mais conhecida das dores de cabeça primárias e a mais incapacitante. “A dor geralmente é pulsátil, em apenas um lado da cabeça e dura de 4 a 72 horas, acompanhada de náusea e/ou vômito, intolerância à luz, cheiro, barulho e movimento”, explica Célia. Mais frequente nas mulheres, o diagnóstico da enxaqueca é clínico, pois não existem exames que identifiquem a doença neurológica e genética. Há dois tipos de tratamento: no abortivo, o médico prescreve a medicação para acabar com a crise de dor. Já no preventivo, recomenda-se uma ou duas medicações diariamente para evitar as crises. A mudança nos hábitos de vida pode prevenir e ajudar a diminuir a frequência, intensidade e duração das crises. Essa mudança de hábitos inclui: dieta equilibrada, sono regular, atividade física frequente, yoga e psicoterapia cognitiva comportamental (TCC).


A mais comum das dores de cabeça não é tão incapacitante e forte quanto a enxaqueca, embora muitas vezes os diagnósticos sejam confundidos e resultam em tratamentos inadequados. De acordo com a neurologista, a cefaleia do tipo tensional ocorre por uma contração intensa e exagerada dos músculos dos ombros, pescoço, couro cabeludo e face, podendo ser episódica e crônica. O diagnóstico é clínico e o tratamento se faz com analgésicos combinados com relaxantes de ação central. “A episódica é aquela que quase 50% da população já sentiram. É uma dor leve a moderada e passa com qualquer analgésico. Pode durar de 30 minutos a uma semana. Quando essas dores ultrapassam 15 dias durante o período de um mês, são chamadas de crônicas. Elas acometem em torno de 3% da população”, explicou a médica.


Considerada a pior das dores de cabeça, os pacientes descrevem como se um ferro em brasa perfurasse o cérebro no momento da dor. Segundo Célia, não é tão frequente como a enxaqueca e a cefaleia tensional, acometendo de 0,1% a 0,4% da população. Apesar de mais comum em homens, cada vez mais mulheres descrevem esse tipo de dor, que ocorre sempre do mesmo lado da cabeça, com dor intensa nos olhos, na região frontal e na região temporal, de 15 a 180 minutos. O paciente pode ter até oito crises por dia e muitas vezes ser acordado pela dor. A neurologista explica que, durante a crise, o olho fica vermelho, lacrimeja e muitas vezes a pálpebra cai. A narina do mesmo lado da face também entope ou apresenta secreção. O tratamento é feito com medicamentos específicos para esse tipo de dor, como esteroides, oxigênio e outros.


A dor ocorre no seio da face comprometida, que pode ser o seio frontal, maxilar, etmoidal e esfenoidal. Muitas vezes confundida com enxaqueca, a dor é forte, em pontada, latejante e com pressão ou peso na cabeça. Pode vir acompanhada de tosse, entupimento ou secreção nasal. Segundo a especialista, a causa pode ser bacteriana ou viral. O diagnóstico mais preciso é feito por tomografia dos seios da face e o tratamento geralmente é realizado com antibióticos, antialérgicos e esteroides.


Miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia (vista cansada) podem causar dor de cabeça. Geralmente, ela ocorre no final do dia ou depois de algumas horas de leitura ou trabalho no computador. Célia conta que a dor costuma ser frontal e moderada, podendo vir acompanhada de lacrimejamento, vermelhidão dos olhos e coceira nas pálpebras. É importante que a avaliação oftalmológica seja realizada o mais breve possível para correção e também para afastar casos mais graves como a da pressão ocular e glaucoma.


DTM ou disfunção temporomandibular também pode ser um motivo importante das dores de cabeça. De acordo com a neurologista, muitas vezes ela também pode ser confundida com enxaqueca ou cefaleia tipo tensional. “O paciente pode apresentar dores no pescoço, no ouvido e na face, além de dificuldade para abrir e fechar a boca – é comum também ouvir um barulho ao fazer esse movimento. O diagnóstico geralmente é feito por meio de uma imagem das articulações têmporomandibulares, por ressonância magnética. O tratamento é feito por dentistas especializados nessas disfunções”, explica a neurologista.


A dor de cabeça causada pela meningite é intensa, latejante, aguda e diferente das outras dores de cabeça. Segundo a neurologista, pode doer o pescoço, a nuca e os olhos. “A dor começa de um dia para outro e continua por vários dias. Pode vir acompanhada de náuseas, vômitos, rigidez de nuca e febre, assim como mal-estar, cansaço, fadiga e dor no corpo”, disse. O diagnóstico é confirmado por uma punção lombar para analisar o líquido cefalorraquidiano e o tratamento é indicado de acordo com o diagnóstico em regime hospitalar.


MSN