Meu sentimento agora é que a justiça começou a ser feita. Começou. Demorou dois anos, tardou, mas chegou”.
Assim se manifestou o professor da Univasf Nilton Almeida, após mais de dois anos da denuncia de agressão policial feita ao Ministério Público, em Juazeiro/BA.
De acordo com o professor, o policial militar acusado, que antes negava as acusações, voltou atrás e aceitou um acordo feito pelo Ministério Público da Bahia.
O policial denunciado por mim foi chamado a julgamento no fim de novembro. Ele voltou atrás e entrou em acordo com o MP, que dá a alternativa de suspensão – mas não anulação – do processo por 5 anos. Se reincidir, processo volta a correr. No acordo o PM aceitou pagar uma multa. Se o processo continuasse, ele iria a julgamento com um risco alto de perder a farda”, explicou Nilton Almeida.
Nilton Almeida falou sobre o seu sentimento diante deste avanço. “Estou satisfeito no sentido de que se comprova ainda mais que eu falava a verdade, pois voltando atrás na negação do abuso, ele admite, indiretamente, que a agressão aconteceu. Essa sempre foi minha prioridade. Justiça e verdade. Meu sentimento agora é que a justiça começou a ser feita. Começou. Demorou dois anos, tardou, mas chegou”.
O professor finalizou informando que o próximo passo será uma ação contra o governo do estado. “Eu e o meu advogado, estamos estudando uma ação de danos morais responsabilizando o estado da Bahia”.
Na época em que o caso aconteceu, Nilton Almeida também levou a denúncia até a Corregedoria da PM em Juazeiro, que até agora não se manifestou sobre o resultado da apuração da denúncia.

▬ Relembre o caso:
Nilton de Almeida, um homem negro, professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), denunciou uma abordagem violenta da PM-BA, ocorrida no dia 28 de novembro de 2015, em Juazeiro-BA. Ele conta que na ocasião foi agredido, preso e teve a moto apreendida durante uma abordagem policial, que aconteceu perto de sua casa.
Segundo o relato do professor, depois de ter sido revistado, um dos policiais implicou com a licença da moto que estava atrasada. Nilton informou que o recibo pago em 3 de fevereiro de 2015, estava junto com os documentos, incluindo o registro funcional, que o policial revistou. “Quando eu terminava de dizer bom dia levei um tapa tão rápido que meus óculos ficaram totalmente fora de lugar”, contou Nilton Almeida.
Na época, o reitor da Univasf, Julianeli Tolentino e o vice-diretor, Télio Nobre,  estiveram no Comando, junto com o professor, onde encaminharam um ofício referente à denúncia de abuso de autoridade policial contra o professor do Colegiado de Ciências Sociais. Um procedimento de sindicância para investigação da denúncia foi aberto, mas até hoje nenhum resultado foi divulgado, de acordo com Nilton.
A denúncia também foi encaminhada para o MP-BA. Durante o processo, o policial chegou a acusar Nilton por desacato de autoridade, alegando que a vítima estava com um sorriso irônico no rosto.
Após o caso, diversas Instituições de ensino como: Univasf, UFBA, UPE e da Uefs, sindicatos, associações e movimentos negros manifestaram apoio ao professor Nilton de Almeida e levantaram o debate sobre a necessidade de avançar na luta antirracista.

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