Começou por volta das 8 horas de quarta-feira (22), na sede da OAB em Juazeiro, o julgamento de Cléber Araújo dos Santos, que confessou o assassinato da ex-namorada Laíse dos Santos Silva, de 20 anos, no dia 20 de junho deste ano.
Familiares da jovem e dezenas de mulheres que representam entidades do Movimento de Mulheres de Juazeiro fizeram uma manifestação em frente a OAB e acompanharam o julgamento que terminou agora a pouco.
Laíse foi morta com disparos de arma de fogo, quando saia do trabalho. Cléber também foi julgado pela tentativa de homicídio contra um mototaxista, identificado como Anderson de Souza, que transportava a vítima no momento do crime. Anderson também foi alvejado pelo autor dos dois crimes.
Cléber foi preso menos de um mês após o assassinato da jovem, no município de Itaberaba, e aguardava julgamento no Conjunto Penal de Juazeiro.
O Júri foi presidido pelo Juiz Roberto Paranhos e representando o Ministério Público, o Promotor de Justiça Raimundo Moinhos.
Duas mulheres e cinco homens compuseram o Conselho de Sentença.
A defesa de Cléber, alegou que a vítima teria ofendido o autor do assassinato, chamando-o de “corno”, o que foi prontamente rebatido pelo promotor que sustentou a tese de feminicídio , quando a mulher é morta pela condição de ser mulher.
O Promotor Moinhos lembrou que Cléber, meses antes do crime de feminicídio, já tinha tentado matar a jovem, que sofria constantes agressões do namorado.
Em um breve espaço de tempo, já que o crime aconteceu há cerca de 5 meses, estamos dando uma resposta à sociedade. Uma resposta à Laíse. Ela não vai voltar, mas não posso me convencer de que o mal vença o bem. Que o demônio vença a divindade. Cléber é um ladrão de vida. Não podemos aceitar os “cleberes” da vida, os calhordas, facínoras, covardes. Não sei como se explica uma existência tão precoce e arrancada assim de forma tão brutal. Talvez tenha sido esta a missão de Laíse na terra. Que eles aprendam!” discursou o promotor.
Depois de quase 8 horas de julgamento o Juiz deu a sentença.
Cléber foi condenado a uma pena total de 23 anos e 6 meses por homicídio qualificado, com qualificadora de feminicídio. Pela tentativa de homicídio contra Anderson, a pena foi de 1 e 8 meses.
A mãe de Laíse, Maria Cariri dos Santos, presente no julgamento, declarou ao PNB sua revolta com a sentença “Pela composição dos jurados, já dava para prever. O machismo venceu. Minha filha morreu novamente hoje. Parabenizo o brilhante promotor de justiça, pela atuação em defesa da justiça para este crime bárbaro. Meu sentimento é de revolta. A justiça não foi feita. Ele merecia, pelos dois crimes, a pena máxima. Minha filha era menina linda de 20 anos, cheia de sonhos e com uma vida toda pela frente.”, desabafou a mãe.

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