Morar sozinho pode significar liberdade, mas também implica em gastos que terá de arcar sem a ajuda de mais ninguém. Será que você está preparado para isso?

Quem mora com os pais está acostumado, muitas vezes, a nem sequer pensar em como são pagas as contas de água, luz, internet, telefone. Não pensa em como a roupa aparece magicamente lavada e passada. Quando vai morar sozinho, a situação complica.

Casados que se separam e voltam a morar sozinhos também sofrem por não ter mais com quem dividir as despesas nem as tarefas.

"Se eu não comprar comida, não tenho o que comer. Se deixar a roupa jogada no chão, vai estar lá quando eu voltar", resume a jornalista Camila Alvarenga, que mora há dez anos sozinha. "No começo é bem difícil, você acaba gastando muito por não saber calcular bem o que vai comer, por exemplo. Joguei muita comida fora", diz.

CABE NO BOLSO?

Após se separar do marido, em 2001, a tecnóloga e orçamentista de edificações Fabiana Tavares voltou a morar com a família, mas não se adaptou e decidiu morar sozinha. Mas antes planejou bastante, sem se precipitar.

"Decidi que os gastos com a casa, incluindo aluguel, água, luz e gás deveriam representar no máximo 30% da minha renda líquida" (renda após todos os descontos, como impostos), diz. "Por esse motivo, fui morar em um bairro distante do Centro, mas era o que cabia no meu bolso." Tavares comprou um apartamento em Itaquera, zona leste da capital paulista.

A atitude de Tavares é aconselhada pelo educador financeiro Fábio Barbalho, da Ponto C Consultoria. "O primeiro passo para economizar e não se perder nos gastos é fazer uma planilha para saber exatamente como vai gerenciar sua casa", diz. 

"Quem é casado ou mora com os pais tem duas ou mais rendas para ajudar na casa. Assim, se um fica desempregado, outro pode cobrir a ausência da renda. Mas uma pessoa que mora sozinha precisa ser ainda mais controlada, pois tudo depende da sua própria renda", diz.

Veja, a seguir, 7 dicas para quem mora sozinho poder economizar. As sugestões são do consultor Fábio Barbalho, ele mesmo um morador solitário, e das duas entrevistadas, baseadas em suas próprias experiências:

1) Organização das contas


É fundamental controlar todas as despesas e receitas da casa para não perder o controle, já que as contas terão de ser todas pagas por um único indivíduo, diz Barbalho. Outra dica é colocar contas como água, luz, gás e telefone no débito automático, para não correr o risco de esquecer e ter de pagar juros. "Já vi casos, na consultoria, de pessoas que nunca haviam pagado uma só conta na vida e ficaram perdidas quando foram morar sozinhas", diz.

Barbalho não aconselha a colocar contas como cartão de crédito no débito automático, pois nesse caso, diz, é preciso conferir e fazer uma reflexão sobre os gastos.

Outra dica é juntar o vencimento de todas as contas para dois a três dias após a data de recebimento do salário. "Fica mais fácil se organizar assim e também dá uma folga caso a empresa atrase, evitando o pagamento de juros ou ter de recorrer ao cheque especial".

2) Moradia


Localização e tipo de moradia podem influenciar bastante nessa despesa. Fábio Barbalho sugere morar perto do trabalho para economizar em transporte, especialmente no caso das grandes cidades. Imóveis mais bem localizados têm custo maior de aluguel. Outra dica é verificar se o imóvel é adequado a moradores únicos. Alvarenga diz que mora em um condomínio voltado a famílias e que muitas vezes paga por despesas elevadas que não usa. "Isso é um gasto que pago sem precisar, seria melhor morar em um apartamento com menos lazer, pois não uso", diz.

3) Comida


Para não desperdiçar comida, a sugestão é comprar pequenas porções fracionadas dos alimentos, com idas semanais ao supermercado. Comprar comida em grande quantidade é receita certa para jogar fora e desperdiçar, afirmam. Alvarenga diz que compra somente o que vai comer na semana. "Sou daquelas que vai ao mercado e leva duas cenouras e três maçãs", diz. Barbalho também sugere fazer o "dia da cozinha". "Nesse dia, prepare diversos pratos e divida em pequenas porções para congelar. Assim, evita-se o desperdício e previne-se outro problema de quem mora sozinho: comer besteiras", diz.

4) Limpeza


Repense o gasto com faxineira. Aprender a fazer a faxina e manter a casa organizada pode representar uma economia considerável no mês, já que uma faxina (em São Paulo) custa cerca de R$ 150 a diária. Se pedir quatro vezes no mês, já serão R$ 600, ou R$ 7.200 no ano. Tavares diz que mantém sua casa limpa e organizada a semana inteira e faz faxina uma vez por semana. "Gasto três horas com isso no máximo, porque cuido um pouco da casa a semana toda", diz. Alvarenga, que antes pagava uma diarista para fazer faxina uma vez por semana, passou a se organizar melhor e agora contrata a autônoma uma vez a cada 15 dias. "Diminuí essa despesa pela metade".

5) Eletricidade


Fábio Barbalho sugere que quem mora sozinho se organize para lavar roupa uma vez por semana e passar roupa também uma vez por semana. "O ferro de passar é um dos aparelhos que mais consomem energia elétrica", diz. Outra dica é não sair ligando diversos aparelhos nem acendendo as luzes quando chegar em casa para espantar a sensação de solidão. "Se está na sala, deixe só a luz desse cômodo acesa", diz.

6) TV a cabo


Avalie bem seus hábitos para verificar a necessidade de um pacote de assinatura de TV a cabo. Alvarenga conta que percebeu que estava pagando caro por um pacote a que nunca assistia, pois fica pouco em casa. "Deixei de pagar um pacote com muitos canais para um pacote básico e reduzi a despesa em R$ 50 no mês. Parece pouco, mas no ano isso representa R$ 600 e me ajudou a pagar o seguro do carro", diz.

Outra alternativa, segundo Barbalho, é optar pela assinatura de serviços de streaming de vídeo [como Netflix], que costumam ser baratos e tornam possível escolher quando assistir à programação.

7) Móveis e decoração


Uma dica para decorar a casa é aproveitar feirões de móveis de segunda mão, pedir para os pais algo que não estão usando, pedir ajuda aos amigos e também visitar bazares de decoração. "Quando eu me mudei, minha casa estava vazia. Então eu coloquei uma meta de R$ 300 por mês para ir comprando coisas para a casa. Todo mês eu comprava algo que estava faltando e ficava feliz", diz Barbalho.


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