A vazão do Rio São Francisco deve ter uma nova redução nos reservatórios de Sobradinho e Xingó. A Agência Nacional das Águas (ANA) autorizou que a descarga mínima tenha uma média diária de 550 m³/s e instantânea de até 523 m³/s. De acordo com a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), essa é a menor vazão realizada nos reservatórios desde o início de sua operação, em 1979.

No início da operação da usina, o mínimo de vazão permitido era de 1.300m³/s. A autorização para reduzir a descarga de água foi publicada pela ANA, no Diário Oficial da União, nesta terça-feira (18) e é válida até o dia 30 de novembro. No entanto, a redução da vazão ainda depende da autorização do Ibama para ser praticada e ainda não tem data para começar. 

A redução da vazão também vai ser discutida na Reunião de Avaliação da Operação dos Reservatórios do São Francisco, coordenada pela ANA, que acontece semanalmente, e conta com a participação de representantes do Governo Federal (Ministério da Integração, Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Minas e Energia, Ibama), Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, Chesf, Cemig, Secretarias dos Estados da Bacia do São Francisco, Companhias de Abastecimento de Água, Codevasf, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Ministério Público Federal e outros.

Em maio deste ano, a Chesf já tinha sido autorizada a redução da vazão para 600m³/s. Esse tinha sido o menor patamar já praticado nos reservatórios da bacia do Rio São Francisco, que está em período crítico. 

De acordo com a Chesf, em abril (período úmido deste ano), o armazenamento máximo alcançado pelo reservatório de Sobradinho foi de 16,2 % de volume útil. Na última segunda-feira (17), o armazenamento chegou a 10,9% do seu volume útil, com afluência de 390 m³/s e defluência de 617m³/s. 

"Encerrado o período chuvoso no trecho da bacia que contribui para o Reservatório de Sobradinho, a perspectiva é de redução nas afluências ao reservatório até que se inicie novo período chuvoso no mês de novembro", explica a companhia.

Segundo a resolução da ANA, "caso seja identificado comprometimento aos usos ou usuários durante a redução das vazões liberadas por Sobradinho e Xingó, a descarga dos mesmos deverá ser elevada para o patamar de vazão anteriormente praticado".

▬ CAPTAÇÕES

No mês passado, uma outra medida tinha sido tomada para evitar que o reservatório chegue ao volume morto. Foram suspensas as captações durante todas as quartas-feiras na bacia do rio, exceto para abastecimento humano e animal. Ainda de acordo com a ANA, as indústrias e mineradoras que captam água acima de 13 horas por dia, "conforme a outorga de direito de uso de recursos hídricos emitida pela ANA, deverão reduzir em 14% o volume mensal captado. Para as indústrias e mineradoras que captam até 13 horas por dia, as captações ficarão suspensas às quartas". Essas mudanças valem a partir de 28 de julho. 

As reduções na vazão do São Francisco vem acontecendo desde 2013, com intuito de preservar os estoques. De acordo com a ANA, em 12 de junho, o volume útil do Reservatório Equivalente da Bacia do Rio São Francisco era 8.823hm³, o que equivale a 18,58% do seu volume útil total. Na mesma data do ano passado o armazenamento era de 29,13% do volume útil.

Desde 2013, a vazão mínima vem sendo reduzida gradativamente: de 1.300 m3/s para os patamares de 1.100 m3/s, 1.000 m3/s, 900 m3/s, 800 m3/s, 700 m³/s e 600 m³/s.

O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG) e percorre 2.800 km até chegar a sua foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe. Ele atravessa os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. A área possui 503 municípios e engloba parte do Semiárido, que corresponde a aproximadamente 58% dessa região hidrográfica, que está dividida em quatro unidades: alto, médio, submédio e baixo São Francisco.



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