Andreas Albert von Richthofen, 29 anos, parecia bastante confuso e acuado na segunda-feira (29), quando conversou com vizinhos da casa onde foi encontrado, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. “Nem queira saber como é minha vida”, teria dito aos PMs após ser abordado por pular as grades da residência, segundo o consultor tributário Mauricio Orlando, 51. “Acho que não queria que soubessem quem era”, conta.

O jovem, que é irmão de Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos pelo assassinato do pai e da mãe em 2002, foi levado a um hospital com um quadro de surto psiquiátrico e acabou internado, segundo a Secretaria da Saúde, da gestão João Doria (PSDB).

Às 6h47, Andreas foi filmado por câmeras descendo a rua. Ele rasgou as roupas ao pular as grades e ser espetado por pequenas lanças. Caiu em um jardim e deitou sob a janela, onde permaneceu quieto, sangrando.

Moradores perceberam a movimentação. Quem viu o rapaz foi Orlando. “Ele falava coisas desconexas. Percebi que não era um bandido”, diz.

A PM apareceu às 7h30 e conduziu o Andreas à frente da casa. Ele deixou para trás uma caixinha preta, aberta, de veludo, e levou consigo uma vermelha. Contou que morava na rua República do Iraque, no Campo Belo (zona sul), mas não queria ir para lá. “A minha casa está zoada”, disse.

A via é paralela à rua Zacarias de Góis, onde a família Richthofen vivia antes do crime. Andreas se assustou com a chegada de um segundo carro da PM e se escondeu atrás de um veículo. Depois, correu para o banco do Corsa de um morador. Foi arrancado pelo motorista. Acabou levado pela PM ao Hospital do Campo Limpo (zona sul) e foi transferido à Casa de Saúde João de Deus.

Moradores afirmam que Andreas não tinha a aparência de alguém que frequentou cracolândias da capital. “Mas estava visivelmente transtornado”, afirma o agente de importação Renato Gomes Júnior.


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