Após o atentado na sede administrativa da Caixa Econômica, no Centro Empresarial 2 de Julho, localizado na Avenida Paralela, o banco informou hoje (22) que ainda não há previsão para que a Gerência de Fundos de Garantia (Gifug) que funcionava no 15º andar, retorne as operações. Ainda segundo a Caixa, funcionários e familiares estão recebendo o suporte de uma equipe multidisciplinar formada por médico do trabalho, psicólogo e assistente social. 

Um possível desentendimento com o chefe pode estar por trás da tragédia que deixou duas pessoas mortas e duas feridas. O atentado ocorreu no início da tarde de ontem (21), quando o bancário Glei Mário de Lemos, 51 anos, tentou atirar contra o coordenador da Gifug, Jorge Oliver da Silva, responsável pelo setor que trabalhava. O coordenador conseguiu desviar dos disparos, sofrendo uma luxação no ombro, após cair. Porém, Glei Mário antes de tirar a própria vida, acabou acertando duas colegas de trabalho, as assistentes Marinoelia Andrade Santos e Jucilene Matos Silva. 

Funcionário da caixa há 27 anos, tanto colegas de trabalho quanto vizinhos disseram que o bancário sempre foi uma pessoa pacífica e tranquila, com o comportamento livre de qualquer suspeita ou reação agressiva. Segundo o médico psiquiatra da Clínica Holiste, Victor Pablo, de um modo geral a estrutura de uma personalidade frágil combinada com um quadro de depressão podem levar a um quadro psicótico e paranoico, principalmente, quando estas pessoas não desenvolvem uma boa capacidade de enfrentamento. 



Nesse dia de fúria, ele pode ter projetado toda a culpa disso no ambiente de trabalho e no chefe. Tenho pacientes que são funcionários de instituições bancárias que convivem diariamente com este estresse e podem chegar a desencadear este tipo de reação, quando o ambiente é insalubre sob pressão e assédio”, pontua o especialista. 

Ainda de acordo com Pablo, pessoas mais próximas e íntimas do individuo precisam ficar atentas a estes sintomas, antes que haja um surto. “Eles ficam menos pacientes e ativos, geralmente por conta de uma perda de cargo ou de salário. Estes indivíduos podem tomar uma atitude de vingança. Por isso é tão importante chamar a atenção para o estresse que o ambiente de trabalho pode acarretar e os efeitos disso na vida deste profissional”, acrescenta. 


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