Independente da metodologia utilizada, a Bahia sempre ocupa as primeiras posições no ranking do desemprego. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, desde novembro de 2014 que a Bahia não fecha um mês com mais trabalhadores admitidos do que desligados. Pouca atividade econômica em proporção ao tamanho da população e baixa qualificação profissional são fatores apontados como causa da falta de emprego por aqui.
O analista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Luiz Chateaubriand, embora tenha seus estudos focados no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Salvador, acredita que a falta de postos na Bahia esta ligada à baixa atividade econômica.
Entre as regiões metropolitanas, Salvador é a que (historicamente) sempre apresentou a taxa mais elevada de desemprego”, diz. “Temos uma estrutura produtiva que não dá conta de atender à demanda de ocupação. A cidade precisaria ter muito mais atividade econômica do que nós temos. O modelo de economia que se estabeleceu em nossa região não permitiu, ou não foi capaz, de atender essa demanda”, completa.
Uma explicação para a demanda maior que a oferta de empregos é que existe uma migração grande, do interior para a capital, de pessoas à procura de emprego. Chateaubriand, porém, refuta essa hipótese.
Durante muito tempo, essa foi uma crença. Temos exemplos de regiões metropolitanas com maior migração e taxas de desemprego menores. Mesmo regiões que são mais carentes que Salvador conseguem manter um nível de atividade mais satisfatório, como Fortaleza e Recife. (A migração) é um dos elementos da explicação, mas não é o único”.
Chateaubriand cita que a RMS já tem mais de 400 mil pessoas desempregadas (dados da Pesquisa de Emprego, Desemprego, Metodologia do Dieese aplicada pela SEI), cerca de um quarto da população economicamente ativa. “Desde 2015 há um crescimento da taxa de desemprego. Há setores que desempregam continuamente, como o industrial. Na construção civil, tivemos perdas muito grandes. Incrivelmente, nossa taxa (de desemprego) já foi pior. Em 2003, ela chegou a quase 30%”, comenta.

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