Um aerossol é basicamente a mistura de dois líquidos guardados na mesma lata. Um deles é o produto em si, que pode ser creme de barbear, desodorante, tinta ou inseticida. O outro é o chamado propelente, uma substância capaz de impulsionar o produto para fora. Na maioria dos casos, o propelente é um gás líquido. Peraí, um gás líquido? Na verdade, essa aparente contradição é o segredo que faz o aerossol sair com a força de um jato cada vez que acionamos o spray. Dentro da lata, a pressão é tão grande que o gás usado como propelente fica comprimido e se transforma em líquido, misturando-se ao produto. Enquanto o frasco está fechado, os dois ficam quietinhos lá dentro, mas quando alguém aperta a válvula, começa uma revolução! A pressão dentro do frasco diminui e uma parte do gás líquido propelente se expande com violência, virando gás de verdade. Como seu volume fica grande demais para o frasco, ele escapa com força total, levando parte do produto para fora.
Essa transformação também explica por que a lata fica gelada. Quando chacoalhamos o frasco, as moléculas do gás liquefeito também se agitam e isso faz com que parte delas arrume espaço dentro da própria lata para se expandir. “Para que alguma substância consiga passar do estado líquido para o gasoso, ela precisa consumir energia de algum lugar. No caso do aerossol, a energia é tirada do calor da lata. Por isso, a temperatura dela diminui”, diz o físico Cláudio Furukawa, da Universidade de São Paulo (USP). Hoje, quem protagoniza toda essa reação é o chamado GLP, sigla para gás liquefeito de petróleo. Ele veio para substituir os CFCs, os perigosos clorofluorcarbonos, usados nos sprays até a década de 80. Os CFCs faziam bem o papel de propelentes, mas prejudicavam muito a camada de ozônio da Terra.
▬ Temperatura evaporada 
Substância que passa do estado líquido para o gasoso deixa a lata do spray mais fria
1. Dentro de um frasco de aerossol existe algum creme, desodorante ou tinta e uma substância chamada propelente, que é um gás liquefeito (na forma líquida). Quando se aciona o spray, o conteúdo fica exposto à pressão do ambiente, bem menor que a da lata. Parte das moléculas do propelente se expande, passando para a forma gasosa e forçando a saída para fora da lata junto com o produto
2. Após o jato de aerossol sair, dentro do frasco sobram algumas moléculas do propelente em estado gasoso. Se a embalagem é agitada, parte dessas moléculas se dilui no conteúdo líquido do frasco. Com isso, aparece um espaço extra que algumas moléculas do propelente em estado líquido aproveitam para ocupar. Essas moléculas líquidas se expandem e se transformam em gás. Tal reação rouba calor do metal da lata, deixando-a gelada
► SELO ESTRATÉGICO
Este dispositivo abre e fecha a válvula, liberando ou preservando o conteúdo do spray. Quando o botão é apertado, as substâncias do frasco entram em contato com a pressão ambiente através de uma pequena abertura
► USO TOTAL
É por um tubo, que tem sua abertura voltada para o fundo da lata, que o conteúdo despressurizado corre e sai na forma de um jato de aerosol. Essa simples arquitetura garante que todo o líquido seja usado por completo
► DOSE CERTA
Uma pequena bolinha flutua na lata, ajudando a misturar o produto ao propelente. Assim, na hora em que a válvula é acionada, ambos saem da lata numa proporção ideal. Não fosse assim, o jato teria gás demais e produto de menos