Um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da área de psicologia, antropologia e sociologia da Universidade da Califórnia, analisou famílias de classe média em seu dia a dia (não em “laboratório”)  e chegaram a conclusões que não permeiam só o ambiente norte americano, mas sim uma realidade para famílias que tem pouco tempo para seus filhos.
O estudo mostra que cada vez mais as crianças estão dependentes de seus pais, que os tratam como sendo “centro das atenções”. 
Foi percebido, não só nos Estados Unidos, local do estudo, que com um dia a dia cada vez mais agitado, pais e mães com no máximo 4h/dia de tempo útil com seus filhos (acordados, quando podem ensinar), a culpa reina. E muitos, quando estão com as crianças, ficam mais tendenciosos proporcionar alegrias, fazer tudo aos seus filhos (mesmo o que eles podem fazer sozinhos) do que ensiná-los responsabilidade,  por falta de tempo com elas. Superprotegem ao invés de dar-lhes independência.
Não está sendo generalizado. Muitos que trabalham – e muito – fora e ainda assim prezam por disciplinar seus filhos, mesmo em 3-4 horas por dia em que estão juntos, priorizam isso à fazer a vontade dos pequenos, o que é muito custoso a eles, afinal muitas vezes que educar implica em desagradar e dói desagradar em tão pouco “tempo líquido” juntos.
Apesar de muitos pais conscientes, não é a grande maioria que tem esse comportamento responsável perante a formação do caráter de seu filho e, infelizmente, passam a “tarefa chata” para outra pessoa resolver no dia seguinte, o que nem sempre é tão efetivo quanto se os pais o fizessem.
Quem educa é pai e mãe, não babá e escola. Estes tem que ser responsáveis por tomar conta e continuar a educação iniciada em casa pelos pais.
Mesmo levando em consideração que educar implica em desagradar a criança, não vale concordar com aqueles que entendem que educar implica em impor tudo, desrespeitando os sentimentos da criança em itens que não necessariamente precisam ser negligenciados. Criança não é um quintal nosso, onde fazemos o que queremos. É um ser único que deve ser preparado para o mundo, não para nossas vontades e caprichos.

Respeite seu filho em seus sentimentos, mas não faça todas as suas vontades. Ele tem obrigação de ser educado, cumprimentar, falar bom dia, agradecer, pedir licença, arrumar seus brinquedos após brincar, comer, escovar os dentes, tomar banho,… Mas o que diz respeito a ele, como ser único em formação, não se ache no direito de intervir: se ele é mais tímido, quieto, não precisa obriga-lo a fazer algo que não é da natureza dele só para agradar os outros. É preciso orientá-lo a viver bem e feliz em sociedade, dando-lhe auto confiança e saúde emocional.
E, ao contrário do que muitos pensam, por saúde emocional não se deve entender fazer tudo o que a criança quer é muito menos fazer tudo por ele, mas sim mostrar que ele é capaz de fazer as coisas sozinho.
Ele tem obrigação de escovar os dentes, né? Se ele consegue escovar sozinho, por que vou ficar escovando para ele (posso no final da escovação, só ir lá dar “aquele retoque”, rsrsrs). Isso faz com que a criança adquira confiança e responsabilidade.
E por responsabilidade, podemos começar em casa desde muito cedo. Dar funções a crianças que elas são plenamente capazes de cumprir e, se não o fizerem, outras pessoas da casa sofrerão as consequências. Isso é um jeito simples e no aconchego do lar de mostrar desde cedo que o que um deixa de fazer, joga para as costas do outro. Ou seja, sua preguiça implicará em sobrecarregar o outro.
Ninguém aqui está propondo que você peça para seu filho limpar a casa enquanto você fica de pernas para o ar lendo jornais, mexendo no celular. Mas sim propor algumas pequenas tarefas que ele já poderá executar a partir dos 2 anos de idade. Lembrando que eles estão aprendendo e isso implicará SUPERVISÃO DE UM ADULTO.

Texto adaptado de Marrie Ometto