O estudante de psicologia Anderson Veloso, 21 anos, relatou em sua página no Facebook que foi vítima de um ataque homofóbico na noite do último sábado (30) na cidade de Petrolina no estado de Pernambuco. Anderson descreve que foi sequestrado por três homens e levado em um veículo para uma área afastada da cidade. 

No local, o estudante foi agredido verbal e fisicamente. Ele conta que foi enforcado com o cordão do short que vestia e violentado sexualmente com um pedaço de madeira que foi introduzido no seu corpo pelos agressores. “Os gritos de ‘vou te matar viado’, ‘vai embora de Petrolina, viadinho’ e tantos outros ainda ecoam dentro de mim e eu sei que eles permanecerão por muito tempo. Todavia, mesmo diante disso tudo, eu não me silenciarei”, escreveu o estudante no Facebook. 

De acordo com entrevista que o estudante deu, o crime está sendo investigado pela 214ª Circunscrição da Delegacia de Polícia de Petrolina. O delegado responsável pelo caso, Daniel Moreira,  suspeita que as agressões contra Anderson teria relação com outro ataque sofrido por outro jovem homossexual em um bairro vizinho no mês passado. “Acreditamos na possibilidade de o grupo conhecer a orientação sexual da vítima, até porque foram dois casos parecidos e na mesma região. Já estamos fazendo diligências para identificar suspeitos”, afirmou o delegado em entrevista. O jovem foi ouvido oficialmente ontem pela Polícia Civil. Ninguém foi preso até o momento.

Apesar do medo, segundo relato de Anderson ao jornal, ele quer seguir adiante com as denúncias. “Estou muito assustado, sim, e não tenho como dizer que não estou com medo. Mesmo assim, não posso me calar. É isso o que pessoas preconceituosas fazem: tentam silenciar a nossa voz usando a violência. Acho que me deixaram vivo como um aviso do que vão continuar fazendo, mas não posso me esconder nesse momento”, explicou o estudante.

Em seu Facebook, o estudante da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) anunciou que nessa quinta-feira (05) ocorrerá um ato na instituição contra a homofobia. Batizado de “Eu ainda tenho o outro lado”, o ato, segundo a postagem de Anderson, tem como objetivo fortalecer a luta contra as violências homofóbicas: “A luta está só começando”. 

Repúdio 

Na segunda-feira (02), a Univasf divulgou nota em repúdio ao ataque homofóbico. “A homofobia é um mal que deve ser banido da sociedade e o respeito ao ser humano, em toda sua diversidade, precisa ser preservado acima de tudo. A Univasf não admite que membros da comunidade externa ou da comunidade acadêmica sejam vítimas de atrocidades, como as que atingiram o estudante do curso de Psicologia Anderson Veloso, na noite do último sábado (30). A Reitoria da Univasf já está em contato com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco e com os Comandos das Polícias Militar e Civil para solicitar que sejam adotadas as medidas necessárias para prevenir e proteger a sociedade de condutas homofóbicas. A Univasf é a favor da pluralidade e do respeito às liberdades individuais”, divulgou a universidade.