O agricultor Jailton Ribeiro da Silva não larga o celular, apesar de "simplesinho" - como ele mesmo define. "Não é pela questão financeira. Eu moro numa localidade em que é ruim o sinal, e esse aqui pega em todo lugar."

Assim como ele, os moradores de Juazeiro, município baiano com cerca de 218 mil habitantes na divisa com Petrolina, em Pernambuco, preferem os chamados "burrofones".

A região é líder no percentual desses aparelhos no país - representam 41,3% do total.

A explicação para a força dos "burrofones" é que o município, importante polo de agricultura no semiárido nordestino, tem um serviço de telefonia móvel precário.

Achar sinal com um smartphone, por exemplo, é uma raridade. O mesmo não acontece com os celulares mais simples.

Segundo agricultores e comerciantes ouvidos pela reportagem, o sinal, e não a questão financeira, é a principal justificativa para o sucesso dos modelos menos sofisticados.

NÃO SENTE FALTA

O comerciante Sinval de Souza, dono de uma banca de revistas, reconhece que os celulares modernos oferecem mais recursos, como aplicativos de mensagens via internet, mas diz que não sente falta.

"A gente não pode entrar na onda do mercado e ficar comprando cada modelo que aparece. Nós precisamos usar conscientemente, e este aqui no momento serve", diz.

Além disso, Souza valoriza o fato de a bateria ser mais durável. "O telefone mais simples me ajuda no comércio devido durabilidade da bateria. Tenho vários amigos empresários que compram os avançados, mas, por causa da bateria, preferem manter um aparelho simples", afirma o comerciante.

O problema da telefonia já foi discutido na Câmara de Vereadores local, que convocou as operadoras para explicarem a situação.