Em entrevista coletiva realizada na manhã desta quarta-feira (09) os pais da garota Beatriz Angélica, barbaramente assassinada nas dependências do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, há cerca de 90 dias, voltaram a falar das angústias e expectativas que a família vive, enquanto aguarda uma resposta para o caso.

Um dia antes de completar três meses do assassinato de Beatriz, Sandro explicou porque só agora resolveu se pronunciar e justificou o silêncio e a ausência da família nas manifestações.“Nos primeiros 60 dias, nós não estávamos em condições físicas e mentais de poder participar, cobrar, porque foi muito injusto, foi muito cruel conosco tudo o que aconteceu. Não só pelo fato de perder uma filha, mas pela situação que foi. Além de sentir uma dor, ter que raciocinar quais seriam os próximos passos, o que deveria fazer”, relatou.

Em relação as investigações, Sandro enfatizou que a partir de agora cobrará justiça de forma mais eficaz: “É inadmissível tanto tempo assim e não ter dado nenhuma resposta para a gente, para a sociedade. Tudo bem que as investigações ocorrem em sigilo, tem o segredo de polícia, mas para o pai e uma mãe que não entende o que se passou com a filha, é desesperador", lamenta o professor.


“Gente, alguém viu alguma coisa. É impossível que uma daquelas três mil pessoas não tenha visto algo. Eu participei de todas as comemorações dos meus filhos na escola. Aquele bebedouro não é algo escondido. É extremamente movimentado, principalmente pelas crianças. Do lado do bebedouro tem um parque, ali é uma passagem. O local escolhido não foi por acaso, tem um porquê. E temos a obrigação de questionar o poder público e judiciário por respostas”, afirmou a mãe de Beatriz.

O professor lamenta ainda o fato da cena do crime não tenha sido preservada. “Se a escola tivesse sido interditada no primeiro momento, se a cena do crime tivesse sido preservada, seria diferente. Porque o que aconteceu lá, foi que na hora que aconteceu, todos os que estavam presentes, as irmãs, as coordenadoras, os pais de alunos e estudantes foram embora. As pessoas da rua que entraram. Poluíram a cena do crime. Policiais despreparados. Não interrogaram ninguém. Se a escola tivesse sido interditada, se tivéssemos o apoio da instituição, estaríamos em outro caminho”, explica.
Atualmente, 22 pessoas trabalham exclusivamente no caso Beatriz.

Ao final da coletiva Sandro e Lucinha reforçaram o convite para que as instituições, incluindo a escola onde ocorreu o crime e a sociedade como um todo, participem do manifesto que acontecerá quinta-feira (10), na Praça da Catedral, às 19 horas.